- Área: 220 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: DieraTherm, Moleanos, VMZINC
Descrição enviada pela equipe de projeto. O terreno em L – uma junção de uma parcela livre, com 24m de largura por 6m de profundidade, e um edifício em ruína com 12m por 12m – ocupavam um vazio na malha densa habitacional entre o Campo Pequeno e a Avenida de Roma – dois focos de comércio e serviços de Lisboa do século XX. Assumiu-se a necessidade de manter o edifício de gaveto.
Como primeiro objetivo, o edifício procura dar continuidade ao plano de fachadas existentes, colmatando empenas, criando frente comercial, reforçando a vida de bairro. Entendeu-se então que o novo edifício deveria surgir como um não-objeto, numa calma em continuidade com a ordem existente, unindo o gaveto reconstruído com os restantes edifícios da rua.
Ao longo de todo o piso térreo continua-se o ritmo branco/pedra do edifício existente criando a base para a continuidade de frente-de-rua pretendida. Este ritmo torna-se o ponto de partida para o desenho do “novo” edifício. Na nova fachada marca-se a modulação com os elementos em pedra entre elementos que ora são “vazios” (vãos e telas de sombreamento), “cheios” (parte opaca do alçado) ou textura (nos ripados das zonas de lavandaria).
A cobertura em zinco, a textura do tecido das telas de sombreamento, as guardas, e um elemento metálico em “U” corre todo o edifício marcando os diferentes pisos na continuidade do que acontece no existente – são elementos utilizados para fazer a ponte entre as duas linguagens arquitetónicas. Do mesmo modo, a escolha dos materiais interiores, pormenores e soluções construtivas desenvolveram-se tendo procurando a coerência entre novo e existente.
O apartamento apresentado é o reflexo da oportunidade de desenhar uma habitação à medida de uma família concreta, dos seus ritmos e do seu modo de habitar. Com essa base, o projeto trabalha algumas ideias concetuais como a não-concordância entre limites existentes (à partida impostos pela fachada existente) e o limite dos espaços interiores do apartamento. No piso inferior, um pátio “alivia” esta tensão entre espaços e limites tornando-se num exterior privado, vivido como se de um espaço interior se tratasse. Do mesmo modo, no piso de quartos, a cobertura em zinco avança e recua de modo a dar a cada quarto o seu espaço exterior próprio.
Na organização funcional, optou-se por colocar a cozinha no centro da casa. Este espaço recebe todos os percursos e ganha a amplitude para que seja espaço de refeições, convívio ou trabalho.
No piso de quartos é o hall que ganha este protagonismo e transforma-se numa área social, para onde dão todos os quartos e que garante uma evolução ao longo da vida da casa: espaço de brinquedos, estúdio ou saleta.
As áreas de circulação foram reduzidas ao mínimo optando-se por uma solução de sequência dos espaços consoante a função e quotidiano. Todos os espaços ganham uma função: umas escadas/biblioteca, um hall-de-quartos/estúdio.